
Não
estou defendendo Ivete Sangalo como atriz, mesmo porque ela ainda não estrou em
“Gabriela” e, antes de falar qualquer coisa sobre sua atuação, é necessário
assistir às suas cenas. Mas, fico impressionado como uma parcela do público, da
imprensa e até profissionais de TV tem a capacidade de rejeitar qualquer coisa
diferente mesmo antes dela chegar. Outra discussão que surge a partir das
críticas que Ivete Sangalo recebeu por aceitar participar de “Gabriela” é em
relação à formação dos artistas brasileiros. Em nosso país é crime conseguir
interpretar, cantar, dançar, entreter, comandar uma plateia. No Brasil artista
tem que ser de arte única. Ou ele interpreta, ou canta, ou apresenta, ou dança.
Se misturar tudo é um canastrão, um picareta, um aproveitador, alguém que
roubou o lugar do outro. Um bandido. Só aqui.
Nos
Estados Unidos, artista tem que ser artista completo, brilhar em tudo, se
dedicar a tudo, estudar tudo. Os grandes nomes do cinema interpretam, dançam,
cantam em seus filmes. Nos musicais da Broadway o elenco é formado por
profissionais completos e muitos trabalham nos estúdios da Broadway e também
nos de TV. Lá, todas as plataformas se comunicam, mas no Brasil é diferente.
Aqui, o verdadeiro ator é o de teatro. No cinema está quem procura algo mais
profundo e na televisão somente aqueles que sonham com a fama e se deslumbram
com as luzes dos holofotes. Ao pensar assim, separamos as artes. O teatro é a
mais nobre. O cinema é feito por inteligentes. A televisão não vale nada. Uma
triste realidade que mostra o quanto somos preconceituosos e perdemos com nossa
curta visão.
Informação
importante: em “Gabriela”, Ivete Sangalo será Maria Machadão, a mulher que
manda no maior cabaré de Ilhéus: o Bataclã. O remake de “Gabriela” ocupará a
faixa das 23h na Globo e será um dos elementos na comemoração do centenário de
nascimento de Jorge Amado.
Fonte: Jovem Pan
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